O Reformador do Mundo – Américo Pisca-pisca

Monteiro Lobato:

O Reformador do Mundo – Américo Pisca-Pisca

Rui Barbosa:

• “De tanto ver triunfar as nulidades; de tanto ver prosperar a desonra, de tanto ver crescer a injustiça. De tanto ver agigantarem-se os poderes nas mãos dos maus, o homem chega a desanimar-se da virtude, a rir-se da honra e a ter vergonha de ser honesto.”

• “Quem não luta pelos seus direitos não é digno deles.”

• “A justiça pode irritar-se porque é precária. A verdade não se impacienta, porque é eterna.”

• “A espada não é a ordem, mas a opressão; não é a tranquilidade, mas o terror, não é a disciplina, mas a anarquia não é a moralidade, mas a corrupção, não é a economia mas a bancarrota.”

• “A mesma natureza humana, propensa sempre a cativar os subservientes, nos ensina a defender-nos contra os ambiciosos.”

Em um julgamento da chapa presidencial, onde a presidente foi cassada (alijada) pela política, assumindo o seu posto o então vice-presidente. Quem a colocou no poder? Um ex-presidente. Porque ela deixou o poder? Por contrariar o interesse dos demais componentes das forças políticas, dada como uma perfeita incapaz.

O órgão julgador, julgou por abuso de poder econômico, meses depois julga não somente a ex-presidente mas também o vice-presidente da chapa eleita. Em memorável julgamento de muitas horas, tempos e tempos de audiências e oitivas de testemunhas, coleta de provas, apreciação pela Polícia Federal. Amanhece o novo dia, o Dia da sessão do julgamento, julgamento esse que se estenderá por longas e enfastiantes horas.

O relator, lê seu minucioso relatório por horas a fio, demonstrando todo o seu empenho, qualidade técnica e persistência para expor todas as implicações e consequências imbricadas no processo, e por conseguinte, nas ditas eleições.

O interessante, “sui generis”, curioso mesmo: – durante o desenrolar do julgamento era dado pela mídia o resultado da votação (4 x 3 votos); claro vencendo o ex-vice-presidente ocupante atual do cargo, que permaneceria no cargo. Dias antes do julgamento, o "atual presidente", nomeia dois Ministros, que parecem ser totalmente favoráveis à sua causa: Vitória; sua permanência no "posto".

Após o Relator ler seu relatório por horas a fio, interpelado, interrompido, achincalhado, combatido pela maioria de seus pares, chega o momento de ler e justificar o seu voto: – A favor da cassação. Pronuncia então duas frases que passarão a fazer parte da história.

Diz ele:

– “Não enterrarei provas vivas.”

Diz ainda:

– Irei ao enterro, mas não carregarei o caixão.”

Dois de seus pares “ascenderam” com seus votos: – Votaram com o relator. Estava então consumada a derrota da Justiça, estava então enterrada a Justiça, estava então sepultada a crença do povo na Justiça, na lisura dos Tribunais.

Três de seus pares, sendo dois recém empossados votaram para a derrocada da justiça. Houve até um episódio praticado por um deles, algo assim:

“Eu recebi da diaconia da minha igreja uma pergunta sobre isso, esse negócio da empreiteira. Eu respondi ao pastor simplesmente assim: ‘Com a medida que me medem, serão medidos. E sobre ele desabe a ira do profeta'”, disse o Ministro.

“É uma anátema islâmica. A ira do profeta não vou dizer o que é. Eu vou fazer um gesto da ira do profeta [neste instante, ele gesticulou com a palma da mão serrando a garganta]. É o que eu desejo, que sobre eles desabe a ira do profeta. Eu sou inocente de tudo isso, estou sendo injustamente, perniciosamente, sorrateiramente e desavergonhadamente prejudicado no meu conceito”, concluiu o ministro.”

Ficou estranho, mais um inocente, mas enfim fez parte da audiência, passou a fazer parte da história do Tribunal.

Como houve empate, foi preciso entrar em ação “Minerva”, com o voto decisivo.

Com um discurso totalmente político, abstraindo-se totalmente do trabalho do Relator, das provas, das oitivas de testemunhas e dos fatos posteriores, onde muitos dos citados estão presos ou indiciados, justificando com valores não jurídicos, mas políticos e quase realidade de uma "fábula" deu seu voto: – “Não há motivos para a cassação da chapa”.

Mais fábulas. Pelo menos Esopo que com suas fábulas, mostra uma chance popular para educação moral de crianças.

Mais recentemente, foi exaltada a sabedoria de Américo Pisca-Pisca, aquele Dono do Mundo.

O povo tem todo direito de (re) lembrar Rui Barbosa escolhendo, talvez, alguma destas frases:

• “De tanto ver triunfar as nulidades; de tanto ver prosperar a desonra, de tanto ver crescer a injustiça. De tanto ver agigantarem-se os poderes nas mãos dos maus, o homem chega a desanimar-se da virtude, a rir-se da honra e a ter vergonha de ser honesto.”

• “Quem não luta pelos seus direitos não é digno deles.”

• “A justiça pode irritar-se porque é precária. A verdade não se impacienta, porque é eterna.”

• “A espada não é a ordem, mas a opressão; não é a tranquilidade, mas o terror, não é a disciplina, mas a anarquia não é a moralidade, mas a corrupção, não é a economia mas a bancarrota.”

• “A mesma natureza humana, propensa sempre a cativar os subservientes, nos ensina a defender-nos contra os ambiciosos.”

Está lançado para a posteridade mais um julgamento épico no Brasil, onde a Justiça … Oras a Justiça!